Transgênicos nas comunidades indígenas peruanas
Alejandro ArgumedoAlejandro Argumedo
A tecnología Terminator, um tipo de transgênico que está ainda em fase de experimentaçom, consiste na manipulaçom genética das plantas para que as suas sementes sejan estéreis. É a Tecnología de Restricçom no Uso Genético ou GURT. Foi desenvolvida pela indústria internacional de agroquímicos e sementes com o apoio do governo dos Estados Unidos, para evitar que xs agricultorxs garden e resementen as sementes transgênicas destas empresas (Monsanto, Dupont, Syngenta, Bayer…). Assim aseguram-se a compra permanente de sementes por parte dxs agricultorxs daquelas zonas onde tivessem conseguido introducir esta tecnología de forma indirecta mediante os Estados, as ONG´s ou a ONU. Terminator nom se comercializa ainda, nem se prova no terreno, pero já se estám levando a cabo provas em invernadoiros estadounidenses.
A loita dos povos indígenas frente a Terminator nom é só no plano agrícola. Os governos, empresas e universidades occidentais estám monopolizando a gestom de recursos genéticos. Xs indígenas também tenhem sido productorxs de riqueza genética natural ao largo dos séculos. Nom só se estám apropiando da cultura destes povos, senom que ademais com a introduçom da tecnología Terminator estám criando novos limitadores para o mantemento das súas formas de expressom cultural e estam-lhes negando a sua soberania alimentar. Terminator é umha tecnología que bloqueia a capacidade de reproducir-se dos seres vivos, tanto das prantas como dxs animais ou das pessoas. O argumento das multinacionais assassinas a favor da tecnología Terminator é que servirá para frear a contaminaçom dos transgênicos que estam já implantados, pero este nom é um argumento válido. O único que querem é o monopolio final da producçom agrícola a nivel planetario.
Desde o ano 2000 existe umha moratória internacional sobre Terminator no convênio de biodiversidade biológica das Naçons Unidas firmado por 184 países. A finais de 2007 este mesmo organismo firmou um rejeitamento desta teconología exterminadora mas apesar desta aparente vitória contra Terminator nom há dúvida de que a indústria biotecnológica multinacional continuará promovendo a tecnología de sementes estéreis. Alejandro Argumedo, coordinador da Indigenous People Biodiversity´s Network, contounos antes deste rejeitamento “oficial” qué está passando e que pode passar nas comunidades andinas peruanas com a introduçom da tecnología Terminator.
– Qual é o grao de penetraçom das sementes transgênicas nas comunidades indígenas peruanas? – Ainda nom há transgênicos mas é iminente, porque a través do tratado de livre-comércio lateral que se assinou com os Estados Unidos abrem-se as portas à introduçom deste tipo de tecnologias. A grande preocupaçom é que na zona andina somos centro da origem de cultivos, sobretudo no Perú. Mas em toda a zona andina tenhem-se domesticado mais de 120 cultivos que som de importância para a seguridade alimentar da gente, e que perigam com a introduçom das sementes exterminadoras. Além disso, as caraterísticas que tenhem estes cultivos é que provem umha classe de combinaçons de alimentos cultivados em diferentes andares ecológicos da montanha, que fai possível que haja um acesso da populaçom às proteínas, carbohidratos e vitaminas. Todo este tipo de intercâmbios e de culturalidade nom se daria de nom existir umha cultura associada a esse tipo de intercâmbios. Há entom um vínculo entre cultura, recursos energéticos e ecologia moi rico e que vem a ser a base do mantemento da diversidade de cultivos.
– O que mais vos pode preocupar é como vam secuestrar os Estados e as empresas a vossa sabedoría? – Elxs todo o que vem é o lucro económico que podem sacar com a aplicaçom destas tecnologías e destes cultivos. Através da propiedade intelectual encadenam-te a um paquete tecnológico no que tí estás obrigadx a mercar insecticidas, pesticidas, sementes… E por riba disto nom podes usa-las, se as usas metem-te na cadeia. A legislaçom é assim e com o tratado de livre comércio isto vira-se moito mais grave. Entom, umha realidade na que as expressons culturais estam moi associadas à agricultura enriquece ao país, da-lhe certo tipo de identidade. Por isso somos andinxs, a nossa é umha identidade grupal expressada em patacas. Na práctica seria um genocídio cultural, um etnocídio em nome do dinheiro, do lucro das grandes corporaçons e do interesse que tenhem alguns grupos moi pequenos que som a elite do país e que permiten isso.
– E em quanto à sociedade peruana em geral, como estan reaccionando à introduçom dos transgênicos? – Há umha grande repulsa, há muita conciencia, mesmo em parte da indústria nacional.
– Esta repulsa é conseqüência, alomenos em parte, dessa identidade indígena? – Sim, e à parte disso eu penso que a gente dá-se conta de que isso dá-lhes umha vantagem comparativa, indiretamente, porque poderiamos aproveitar de diferentes jeitos essa grande diversidade genética criando productos e nom só limitando-nos à dependencia de sementes foráneas, de jeito que se favoreza a identidade indígena e ao mesmo tempo a economía.
– Que pasaria no momento em que as empresas internacionais conseguissem introducir a tecnología Terminator? – Umha vez que se introduza um transgênico vai ser moi difícil que se pare, pois a maioria destes cultivos som de polinizaçom cruzada e nom vas matar a todas as abelhas ou a todos os insectos, nem vas tratar de parar o vento, que som os principais transmisores de polen.
– Como estam introducindo as sementes transgênicas as multinacionais? – Desde a FAO (Organizaçom das Naçons Unidas para a Agricultura e a Alimentaçom), que eu penso que estam promovendo esse tipo de técnicas dumha maneira oculta porque sabem que podem criar moita controvérsia. Mas também o Centro Internacional da Pataca, que pertence ao Centro de Investigaçom Agrícola Peruano está fazendo investigaçons sobre transgênicos. Imagina, elxs deberian estar mais preocupadxs por cuidar a diversidade biológica andina, mas nom é assim. Espero que tenham o maior cuidado. Mas também através da Oficina de Corrdinaçom de Ajuda Humanitária das Naçons Unidas (OCHA), que receve donativos de países ricos. Entom, os EEUU, definitivamente, todas as sementes que donam som trangênicas. A gente receve isto como alimentaçom e moitxs utilizam-no também como sementes. Entom, dalgumha maneira, introducem transgênicos dum jeito “casual”, quando em realidade é parte dumha política moi clara. Também para as ONG´s “pro-desenvolvemento”, que trabalham dentro da concepçom de etnocentrismo occidentalista estes cultivos claramente merecem a pena. Tenhem o discurso de que temos que progresar, que debemos estar ao nivel do mundo occidental. Nom se apercebem, ou nunca valoraram, o que temos, que é umha grande riqueza.
– Que ONG´s som estas? – Seriam mais bem as de origem americano, tipo Plan Internacional. Esta gente que pedem apoio para adoptar nenxs e ao mesmo tempo som grupos religiosos. Supostamente trabalham com povos indígenas por todo o mundo. Som xs novxs catequizadorxs. Para eles o nosso atraso é debido a que somos moi torpes em aceptar o progresso, suposto progresso. Pero o suposto progresso é um paradigma. Imagina, o desarme tecnológico deu-se de tal jeito que se está jogando com a criaçom à margem de todxs xs que pensamos que todo o que existe responde a umha expressom de vida: somos parte disto, nom xs que dominamos, e debe ser umha responsabilidade conjunta manternos no bem com o resto de elementos. Todxs somos parte desta criaçom e o mundo capitalista perdeu todo o respeito a estas expressons espirituais.
– A pataca tem umha grande importância na vossa cultura como expressom dessa espiritualidade. Que usos tem? – A pataca é medicina, tem moitas aplicaçons médicas. Por ejemplo, tí pode-la usar para a dor de dentes, para as queimaduras, os problemas de menstruaçom... Tenhem um grande contido em antioxidantes e sobem o sistema inmunológico. Mas também tenhem um valor cultural. Há por ejemplo umha pataca que lhe dim a pataca da sogra: quando alguem casa tem que ser quem de demonstrar à sogra que pode pelar a pataca sem dana-la. Há patacas que se utilizam em distintos tipos de festas, em rituais que chamamos pagos e som ofrendas que se fam ás montanhas ou á nai terra, á Pachamama. Nestas ofrendas a pataca é um elemento principal de reciprocidade, tendo um sentido de afirmar que o mundo é vivo, que a natureza é viva, que as montanhas som vivas. Também som utilizadas este tipo de patacas para comunicar-se com antepassados ou para fazer predicçons sobre todo climáticas usando umha combinaçom de rituais com a observaçom astronómica.
– E a pataca como alimento? – Pois é o alimento básico. Há duas mil variedades: há patacas de entrada, há patacas para sancochar, para cozelas ao lume, em água, ao vapor.
– Qual é o papel das mulheres na agricultura e no mantemento da variedade de sementes tradicionais? – Está establecido que a maioría da agricultura nos povos indígenas é feita por mulheres. Ao ser as mulheres as que estám en contato com o elemento principal da agricultura, qué a semente, elas tenhem um conhecemento moi grande acerca do tipo de variedades e usos. Todo o que estamos falando deste tipo de conhecemento está principalmente em mans das mulheres. Penso que qualquer impacto que poida ter umha tecnología nova, seja terminador seja transgénico, ataca diretamente os direitos fundamentais da mulher, e é justamente pela representaçom da mulher como um elemento mais de procriaçom, de fertilidade, desde o momento em que há umha relaçom íntima com o manejo das sementes. Culturalmente, há umha complementariedade. Ao mesmo tempo som as mulheres as que sabem os diferentes usos tanto medicinais como as diferentes combinaçons das patacas com outros cultivos através da gastronomía tradicional indígena. Esto é importante porque quem transmite o conhecimento de geraçom em geraçom numha sociedade que é maioritariamente oral som as mulheres; elas que estám com xs nenxs e que estám com as sementes, que som xs outrxs fillxs. A educaçom está moi articulada aos valores agrícolas, ao uso das sementes e ao respeito que se debe ter aos rituais asociados. Estamos falando dum conhecemento que tem sido responsável da criaçom de miles de variedades. En toda a regiom as mulheres tenhem a capacidade de seguir criando máis diversidade genética através da multiplicaçom botánica das patacas. A grande maioría recolhe o tubérculo e parte-a e isso sembra-se. Elas nom: elas usam as sementes. Isso crea umha grande variabilidade genética. Logo, elas escolhen as melhores deste experimento e a seguinte geraçom vai criando variedades de novo. ¿Quem as reconhece a elas?
– É umha riqueza que vai sempre em aumento, nom si? – ¿E por qué? Pois há umha raçom cultural, pero também umha científica: os andes som os sistemas mais complexos que se podem imaginar pola altura, pela pendente que há. Mentres mais subes há menos oxígeno, mais raios ultravioleta, menos água, a temperatura baixa... Sem embargo, a maior diversidade de patacas está na parte onde há as mellores pressons ecológicas, geológicas e biológicas que poidas imaginar. Há um caos realmente, pois o clima cambia moi rápido. Isto é o que se chamam sistemas ecológicos complexos. Sem embargo, a gente adaptouse e criou umha grande diversidade. O que isto implica é que a biodiversidade é umha resposta á complexidade. Cria diversidade e entóm moitas delas daram-se bem e outras nom. Deste xeito tí creas umha estabilidade, porque estas mudanças bruscas van afectar a umhas variedades mas nom a outras. O conhecemento que a gente tem do seu meio vai mais alá do folklorismo: há bastante complexidade no tipo de administraçom de recurssos e isto está baseado na cultura, nom num conhecimento científico.
– Umha ética que na realidade é a primitaiva, a original. – Exacto, a original. É dizer, fai-nos lembrar o que occidente perdeu. E também nos trae de novo á memória que há outras formas de entender o mundo, de conhecer o mundo, que nom é só a racional, senóm que também os símbolos e as emoçons tenhem a súa importáncia. Issas expresións espirituais som métodos de conhecer o mundo que nós temos deixado de lado ou temos relegado ao lado privado e que ninguém quere amosar porque senom eres románticx ou idealista. Pero durante moito tempo é o que fixo que a humanidade tenha umha vida especial. Creo que a funçom dos povos indígenas é moi importante porque nos lembram que isto nom é solamente pois de sociedades supostamente tradicionais e que vivem num passado. Nom soum umha reminiscência do pasado, senóm a porta ao futuro. Senom estamos destruídxs...
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